Tilt- Ideias, ou a falta delas. 1982
Um registo parco em ideias, sem a consistência de um álbum solido, gravado e produzido em quatro tempos. Os quatro temas presentes no 12'' resumem-se a um rock que se ia definhando ao mesmo ritmo que o "Boom" do rock Português ia-se esfumando.
Sem a confusão de quem quer mostrar serviço, tipo rock hero que acorda para a vida, o disco pauta-se por um minimalismo criativo, na esteira duns estéreis Taxi, os "Taxistas" do chiclete já bem mascado. Pop sofrível, que induz um ritmo sonolento, onde a guitarra foi de férias, a produção é nula ou quase nula, não admira, produção by Helena Cardinali (não sei se era acrobata de circo) mas pouco jeito tinha para a coisa.
Deste pedaço de vinil falhado salva-se a capa, imagem de um túnel onde o sinal das Ideias fica-se pelo hall de entrada. A capa do registo pode elevar a bandeirada, o que pode levar ao engano os mais acérrimos chauvinistas do rock Português.
Consciencializem-se que será mais um disco para preencher espaço na prateleira, feito de papel frágil e leve, o espaço físico que vai ocupar será diminuto tal e qual o espaço etéreo caso seja sufragado alguma vez pelo gira disco.
Longe de querer sentenciar a banda, pese "Ideias" (ou falta delas) tenha sido o estertor de uma banda que prometeu no inicio da sua carreia, esculpindo o seu caminho com um rock ousado e bem suado, os 6 ases dos flippers não se ficavam pelo rock clean perfect.
Tinham sangue na guelra, aquilo a que chamamos rock de prontidão e que permite-nos, nos dias de hoje catalogar os Tilt como uma banda "quase" punk rock. Dois singles que estão no pódio dos melhores sete polegadas brotados nos inícios dos oitentas, "Só quero Rock" e "Bolinhas de sabão".
Das canetas nasceram letras, que misturavam mortos vivos desta "vida", flipando logo de seguida com os "tilts" nocturnos, típicos dos salões de jogos em que a diversão era mote. Letras que acabavam em silhuetas deformadas pelas paredes espelhadas de um qualquer café do Marquês, onde o dia a dia fintava-se com uns fumos de erva.
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A vida é só Bolinhas, bolinhas que transformam seres esquálidos em Playboys, Bolinhas de sabão que lavam tudo, até este País." André Nascimento 2016