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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Antigo Testamento, entrevista a Rogério Gil.

O regresso do blog às entrevistas exclusivas, entrevista a Rogério Gil, mentor da banda "Antigo Testamento". Banda natural da grande Lisboa, editaram um single "Farto" pela independente RCS, em 1981.



1-  Quem eram os "Antigo Testamento"? Que elementos constituíam a banda?

Rogério Gil - A Banda foi criada por mim, que convenci os restantes elementos a fazermos os “Antigo Testamento”.
A banda era constituída por Rogério  Gil guitarra e Voz, João Baião Guitarra, Quimzé Mateus no baixo e Rui Teixeira  na bateria.

 
2-    Como definiras o som dos "Antigo Testamento"? Quais foram as suas principais influências?

 
RG - Um Som mais perto do Hard Rock e as bandas que nos influenciavam na altura, por ouvirmos muito eram: Deep Purple, Led Zepellin ,Doors, etc. as bandas Hard Rock da altura.

 
3-   Participaram em muitos concertos? Houve algum concerto que tenha marcado de forma especial a banda?

RG - Não tocamos em muitos concertos, apenas uns poucos, tendo em conta os que queríamos dar. Talvez o que nos tenha  dado mais prazer  tenha sido, as duas noites no Rock Rendez Vous e um no palco de Lisboa na festa do avante.

 
4-   Como é que surgiu o contacto para a edição do single "Farto", editado pela RCS em 1981?

RG - Entramos em contacto com a RCS, o dono da editora foi ouvir-nos a num ensaio e acabamos por gravar para a editor RCS.

 
5-   Houve divulgação e promoção ao single? Qual foi a reacção do público?

RG - A divulgação foi quase nula, não porque a RCS não se esforçasse, mas porque os meios de divulgação de musica Portuguesa, apenas divulgavam musica vinda das 3 ou 4 maiores editoras da altura, o que não era o caso da RCS.

Tenho ideia que o single chegou apenas a umas centenas de pessoas, que tropeçavam sem querer por ele, em algumas discotecas (entenda-se, sitio onde se vendiam discos)
Não cheguei a ter uma ideia clara acerca da opinião das pessoas que ouviam o single, apenas conhecia a opinião dos amigos, mas essa embora sempre favorável e positiva…. É suspeita.

6- Nos dois temas do single, nota-se que a banda tinha uma preocupação social. Era essa a temática da maioria das vossas letras? Lembraste de mais títulos de musicas que tenham feito parte do reportório dos Antigo Testamento?

RG - Conheci na altura um amigo ( Luís Rocha) que escrevia letras muito interessantes. De facto falava dos dramas dele, relativamente ao mau estar causado por viver numa sociedade “Podre”, violenta… que o atormentava. Trouxe o que ele escrevia ás musicas que eu fazia e resultou no trabalho dos “Antigo Testamento”.
Quanto aos outros temas, não me lembro dos títulos, mas eram na minha linha musical. São os únicos registos que não tenho da minha historia musical…

7- Depois do lançamento do single, a banda tinha intenção de continuar? Chegaram a pensar editar mais algum disco?

RG - A ideia era Gravar a seguir o álbum, mas as coisas eram tão difíceis que acabámos por ficar desmotivados, por falta de oportunidades. Eu por exemplo, a seguir aos Antigo Testamento, estive 2 anos sem tocar, só depois voltei para não mais parar, aliás penso ser o único musico da banda em actividade.

8- Após os Antigo testamento, integraste outra banda, os Apocalipse, pelo que sei era um projecto ambicioso, o que nos podes contar sobre essa banda?

RG - Assim foi, fui convidado pelo autor (Luís Mascarenhas) desse projecto fantástico, a ser guitarrista na banda, o elemento que ele precisava para montar o Projecto. Conhecemo-nos numa loja de musica em Faro, quando eu queria experimentar um amplificador e uma guitarra que estava com ele e que por lapso pensei ser da loja.
Foi óptimo, porque ao que parece, quando comecei a tocar para experimentar o amplificador e a Gibson SG que era dele, o impressionei bastante, daí ter surgido de imediato o convite. A musica dos Apocalipse era muito exigente em termos de execução e não só e o Luís tinha o projecto parado a há muito tempo, por falta do tal guitarrista. Foi o acaso que nos juntou.

9- Houve mesmo um concerto dos Apocalipse que foi organizado de propósito para o Steve Harris (Iron Maiden) ?

RG - Assim foi, o Steve Harris teve conhecimento, através de um Roadie  Portuguêschamado Manu da Silva dos Iron Maiden que tinha vindo para Portugal cuidar dos negócios do Steve, da existência de uma banda fantástica de Faro (os Apocalipse) e foi na sequencia do interesse dele para nos ouvir em concerto, que foi agendado o super concerto no teatro Lethes, um concerto fantástico, de que ainda hoje se fala.
O problema é que os IronMaiden à ultima da hora tiveram mais uma serie de espectáculos na sequencia de uma tourné, o que o impossibilitou de nos vir ouvir. Curiosidade Ja mãe do Steve Harris assistiu ao concerto, ele é que não.
Depois na sequencia disso e porque o Luís recusou uma série de oportunidades fabulosas entre elas a gravação em Paris do Album, no estúdio onde gravavam os Trust na altura,  a banda acabou por se desmembrar e o Projecto foi por agua abaixo. O ano passado falei com os elementos da banda para nos juntarmos de novo e dar seguimento aos Apocalipse, mas o elemento do costume, acabou por complicar tudo e ficámos no mesmo, ou seja sem concluir o fabuloso projecto “Apocalipse”…

10- Nos dias de hoje continuas ligado à música? Quais são os teus projectos actuais?

RG- Claro que sim, musico até sair deste mundo. Entre muitas coisas que fiz ao longo de todos estes anos, acabei de produzir o EP da banda de Metal Voidust, a ser lançado no dia 2-2-13 em Cascais e este ano editarei o meu FridayNight Project, composto por 10 temas instrumentais originais, numa linha musical diferente, mais próximo do Jazz, onde para alem de ter composto todos os temas, também toco todos os instrumentos gravados por mim no meu estúdio…
Um Projecto musical diferente muito interessante, em que apenas me preocupei com o meu gosto musical no momento em que o criava, longe daquelas tendências parvas do fazer musica porque a editora gosta assim ou assado…. Ao fim destes anos todos afirmo, que a fabulosa musica dos anos 80 e a evolução que daí poderia resultar, foi morta por uma série de gente ligada ás rádios principais deste País e aos responsáveis por musica nas TV´s que não conhecem uma coisa que se chama “Paixão pela musica” e muito menos “Bom gosto musical”, sobretudo pelo que é feito por Portugueses, são tipos que acham que passar umas musiquinhas de gosto muito duvidoso, cantadas numa língua que a maioria dos Portugueses não entende, os faz perceber o que quer que seja de musica, mas não!…..enfim, é o que temos ;).
Quanto a músicos e compositores muito bons em Portugal, sempre tivemos e haveremos de ter… o problema sempre foi e será, as pessoas que estão à frente dos meios de divulgação da musica…

sábado, 29 de janeiro de 2011

Entrevista: Rui Mareco - Quartzo



Regressam as entrevistas em exclusivo ao blog, desta feita o entrevistado é Rui Mareco, baixista e vocalista da banda Quartzo, a quem agradeço desde já a entrevista concedida.
Os Quartzo foram autores de um único single de 1982 "Cigana de Pedra", já anteriormente aqui falado, single recomendado pelo Blog.


1- Como é que surgiram os Quartzo? Qual era a formação?

Rui Mareco - Os quartzo surgiram em 1979 com o nome de wk (reis da água). Era uma banda sem objectivos e ninguem sabia tocar. Dois dos elementos o Jorge Pita e o zé Cenoura deviam ter 17/18 anos e andavam a aprender a tocar guitarra com o guitarrista dos roquivários em almada.

O baterista, era o Júlio pessoa completamente surda para a musica mas com grande vontade que acabou por sair dando entrada um baterista de nome Tózé Palhota cheio de rítmo e segurança, pessoa dos seus 25 anos.

Eu era um puto de 13 anos, sem dinheiro para comprar uma guitarra e filho de pais muito pimbas e conservadores em que o expoente máximo da música era o José cid, a Candida Branca Flor ou o trio odemira.

2- Quais eram as principais influências musicais da banda?

RM - A banda tinha várias influencias. Em relaçao Ao Jorge e ao Zé Cenoura eram muito duran duran, assiduos dos bailes de DJs na academia Almadense que só começaram a ouvir outros tipos de música quando eu propunha ou mostrava.
O Tózé era muito mais rockeiro,mais filho da noite e o que ele queria era tocar fosse o que fosse. Eu era um puto que adorava ouvir paco de lucia, Zeca Afonso, Supertramp, Pink floyd, Frank zappa e o mais que tudo Police. Morava na Cruz de Pau e acompanhava sempre gente muito mais velha que eu, malta da pesada e amiga.

3- A banda era da Margem Sul, zona de onde surgiram alguns nomes importantes do rock português, UHF, Roquivarios… essas bandas serviram de alguma maneira de impulso aos Quartzo?

RM - Claro, toda a gente queria imitar os UHF. Qualquer banda queria ser como os UHF, falando de pessoal até aos 20 anos. Era uma bitola a meu ver má mas que toda a gente seguia.

Eu porem nunca segui esse rumo, nem na escrita nem na melodia apesar de que quando oiço as musicas Cigana de pedra e o homem de passagem as ache parecidas com os cavalos de corrida ou a rua do carmo. uma das bandas que me influenciou nessa altura foram os "IODO" e os "Xutos"

4- Mas existiram mais bandas provenientes da Margem Sul que passaram despercebidas, lembraste de mais bandas da vossa zona que tivessem um som mais Rock/New Wave ?

RM - Eu fazia sons com outras bandas e conheci bandas boas mas verdade seja dita não me lembro dos nomes. Na maior parte das vezes as bandas nem tinham nome que ficasse pois era só para um ou dois concertos.

5- Li na folha informativa da RCS, que a banda tocava com instrumentos emprestados, foram tempos difíceis para quem fazia música em Portugal?

RM - Eram tempos difíceis pois a musica dava pouco ou nenhum dinheiro a não ser nos bailes que se ganhava mais ou menos. qualquer porcaria custava um balurdio. O meu pai ganhava 40 contos (200€) por mês e tudo custava mais que isso.

6- Editaram o único single pela RCS, como é que surgiu o interesse da editora? Como é que descreves a relação banda / editora, tiveram apoio da editora?

RM - Respondi a um anuncio num jornal e fomos contactados pelo sr. Rio pedindo se era possivel ouvir um concerto exclusivo para nos poder apreciar. A relação banda/editora não existiu. As unicas condições que nos ofereceram foram 4 discos,um para cada um e mais... não me lembro. Sim t.ive que mudar partes das minhas letras pois tinham uma linguagem um pouco impróprias.

Certas partes finais tive que mudar e trocar por fade-out perdendo muito da mensagem das canções. Penso que gravamos na Rádio triunfo das 14h ás 19horas.Depois do disco gravado não ouve qualquer contacto para promoção ou outra coisa parecida para por o disco na rua. Eu penso que o disco nem veio para a rua , apenas veio pelas mãos da banda que comprou 200 discos a um preço mais em conta fora isso, nada sei.

Deixamos de conseguir contactar a editora simplesmente desapareceram e eu sempre fui posto um pouco à parte pois era o mais novo e quase nada me era perguntado. Desinteressei-me completamente por tudo à cerca deste trabalho.






7- Como é que decorreu a gravação do disco, alguma situação caricata?

RM - A gravação correu "rápida e à pressa".Quando eu ouvi o trabalho final no vinil caiu-me tudo ao chão por causa da má qualidade sonoro apresentada. Situações caricatas foram mais que muitas, tipicas de quem não tem experiencia de estúdio. Enchemos o estúdio com colunas enquanto o pessoal do estúdio almoçava.

Quando eles chegaram e viram tudo aquilo ouve risos e algumas gargalhadas dissimuladas. Quando ligamos os aparelhos o ruido era mais que muito e acabamos por fazer a gravaçao directa à mesa. O zé cenoura e o Jorge pita não acertavam uma nas guitarras tendo eu feito todo o trabalho de gravação.

Ao fim tivemos que por o material todo na rua pois estava na hora de outros gravarem e não tinhamos transporte para levar a aparelhagem de volta. Coisas que acontecem...


8- O single teve algum feedback, por parte da imprensa e do público?

RM - Da imprensa nunca ouvi nem li qualquer linha que fosse sobre o single. A unica promoção que fiz foi no programa "manhã-manhã", por mera coincidencia,não sei bem a que rádio pertencia.
Marquei uma entrevista pelo telefone com o sr. Julio Isidro e este recusou-se a receber-me e acabei ocupando um espaço de alguem que faltou no programa "manhã-manhã".

9- Chegaram a pensar editar mais algum single? Lembraste de mais músicas que fizessem parte do reportório dos Quartzo, podes dizer alguns dos títulos das músicas?

RM - Não. Eu tinha muitas musicas e muitas ideias na cabeça mas pouco ou nada fizeram em quase 2 anos para me ajudar ou para evoluir. Eu nessa altura vivia sozinho, só vivia da música e tocava noutras bandas que tocavam musicas minhas.
Nessa altura as minhas músicas não tinham nomes mas sim numeros ou simbolos. Rara era aquela que tinha nome. De momento só me lembro de uma que se chamava "Estrela"



10- A nível de concertos, os Quartzo eram uma banda activa? Tens ideia de quantos concertos deram?

RM - Como Quartzo não fizemos nenhum concerto que eu me lembre. Como "WK" sim em algumas escolas de Almada e em certas associações.

11- Momentos marcantes na carreira dos Quartzo?

RM - Sempre tivemos muitas namoradas.



12- O artigo publicado no blog sobre os Quartzo recebeu boas reacções, achas que os Quartzo poderiam ter algo a dizer dentro do panorama musical?

RM - Adorava dizer-te que sim mas é mentira. Todos os elementos fora eu estavam-se bem borrifando para a música e como disse no princípio da minha entrevista apenas eu e o baterista pusemos lá algum som.

13- Tens alguma sentimento nostálgico em relação ao tempo em que estiveste nos Quartzo?

RM - Fora do campo musical tenho pois foram tempos bons e diferentes, já no campo musical nada zero.

14- Depois dos Quartzo, continuaste ligado à música?

RM - Sempre até hoje e se possivel até morrer. Só me sinto eu nesta área.

15- Algum comentário final ?

RM - Tenho pena do azar que tenho tido no meu Pais. Para viver da música em Portugal é preciso ter nome, dinheiro e ser filho de boa gente. É triste dizer isto mas tenho pena de ter voltado.

domingo, 18 de abril de 2010

Entrevista: Nuno Ludovice (Brigada do Reumático)


da esquerda para a direita: João Azevedo (Baixo); João Braga (Guitarra solo); Paulo Braga (Guitarra); Carlos Costa (Bateria ); Nuno Ludovice (teclas e voz); Paulo Ferreira(Guitarra)

O Boom do rock Português foi um fenómeno musical, que teve o seu tempo, pode-se questionar a qualidade musical produzida nesses tempos, mas é inquestionável a importância que teve na música portuguesa.

Uma das bandas que surgiu do Boom Rock Português, foram os Brigada do Reumático, banda desconhecida para a maioria, que deixou para a história um single em 1982, "Bebedeira Colossal", single que já foi aqui falado no blog.

Hoje publico uma entrevista em exclusivo para o Blog, com o vocalista e compositor, Nuno Ludovice, a quem desde já agradeço a disponibilidade na realização da entrevista.

1- Como introdução, podes contar um pouco sobre o começo do grupo Brigada do Reumático? Um dado curioso nos BR era o facto de terem 3 guitarristas.
Nuno Ludovice - No princípio dos anos 80 houve um grande entusiasmo no então chamado movimento do rock português, em grande parte fomentado pelo programa das tardes da Rádio Comercial intitulado "Rock em Stock " da responsabilidade de Luís Filipe Barros. O "Rock em Stock", para além da divulgação da música internacional, começou igualmente a divulgar o denominado rock português, destacando-se grupos então na linha do chamado “Rock Progressivo”, como eram o caso dos Tantra, os Ananga Ranga, os “Salada de Frutas” entre outros.

No início dos anos 80, aparecem o Rui Veloso e os UHF, seguindo-se depois inúmeras bandas como os Trovante, GNR, Táxi, Heróis do Mar, entre outras. Foi portanto neste contexto que se deu a formação da Brigada do Reumático no início dos anos 80. A oportunidade para o lançamento público da banda surgiu na sequência do lançamento do Festival “Só Rock”, iniciativa da responsabilidade da Rádio Comercial, tendo-se realizado a sua primeira eliminatória a 2 de Maio de 1981.

Não obstante não ter-mos conseguido chegar à final, a nossa participação permitiu a visibilidade suficiente para a banda vir a ser objecto de interesse por parte da editora Promusix, onde juntamente com o nosso grupo, viriam também a lá a ser editados os discos dos Pedra d'Hera (álbuns em 1982 e 1984) e Gonzaga, todos produzidos pelo técnico de som Fioteio Dias (Filo).O facto do grupo integrar três guitarras, constituiu, na minha óptica, uma das mais valias para a consistência e amplitude harmónica que se pode depreender nos registos que foram gravados no único single editado, com as musicas “bebedeira colossal” e “pai da aviação”, respectivamente lado A e B.

O papel do guitarrista “solo” João Braga na produção das linhas rítmicas e harmónicas das guitarras foi crucial para a criação de uma certa homogeneidade do som final da banda, não só no diálogo estabelecido entre as guitarras, mas igualmente na sua integração com os outros instrumentos.

2- Quais foram as influências musicais mais importantes para os BR ?

Nuno Ludovice - As influências eram múltiplas no amplo universo de diversidade de grandes bandas internacionais existentes, muitas delas já vindo dos anos 70 e, naturalmente outras já formadas nos anos 80. Enquanto compositor da banda, e falando num registo mais pessoal, no meu universo de referências poderei referenciar os Génesis, Camel, Supertramp, Dire Straits, Steve Winwood, Tubes, já nos anos 80 destacaria os Foreigner, Marillion, Prefabsprout, entre tantos outros.



3- Musicalmente como definirias o som dos BR ? Para quem conhece o single, achas que as músicas gravadas nesse single são a melhor amostra do que os BR fizeram na altura?

NL - As músicas que foram gravadas na altura procuravam responder a um registo de compromisso entre algumas referências das bandas atrás referidas. Paralelamente procurava-mos que as mesmas fossem dançáveis. Julgo que essas duas perspectivas se podem encontrar nas duas músicas gravadas, cujo registo final me parece não ter sido, para o melhor e para o pior, estereotipado, ou dito comercial.


4- Como é que surgiu a possibilidade de editarem o single em 1982? A Promusix editou alguma música Portuguesa, tudo bandas desconhecidas para a maioria, a relação banda-editora era a ideal?

NL - (Uma parte desta pergunta já se encontra respondida na pergunta 1).
A relação entre a banda e editora não foi infelizmente a melhor, sobretudo no processo de prensagem do disco (então executado sob a responsabilidade da editora Valentim de Carvalho), cujo resultado ficou muito sofrível. Bastará mencionar nas variações de velocidade notórias ao longo do desenrolar dos temas. Não obstante a nossa veemente reclamação, obrigando inclusivamente a editora a proceder a uma segunda prensagem, as falhas detectadas, ainda que minoradas, nunca viriam a ser resolvidas, facto que abalou profundamente a relação existente entre nós e a editora, e que vira a culminar na nossa saída da Promusix.

5- Com a edição do single “Bebedeira Colossal”, existiram expectativas de vossa parte para seguir uma carreira musical? Existiu a possibilidade de serem editados mais singles ou mesmo um álbum?

NL - As expectativas de continuidade em face desta desastrosa experiência, acabariam por se gorar e atendendo a que a maioria dos elementos do grupo já exerciam a sua actividade profissional, pouco, a pouco o entusiasmo foi esmorecendo, acabando por verificar-se a dissolução da banda no ano seguinte.

6 – Qual foi a aceitação por parte das rádios e do público em relação ao single ? Tens alguma ideia de como é que correram as vendas do single ?

NL - A aceitação, não obstante todos os constrangimentos que a produção do single envolveu, não correu nada mal, a avaliar por alguns indicadores que então dispúnhamos.Mas a referida deficiente qualidade na prensagem do single, acabou por constituir um facto fortemente comprometedor.



7 - Os BR chegaram a ter alguma exposição mediática (Programas de TV, entrevistas a jornais.)?

NL - Sim, tivemos apresentações na rádio: Programa “Rock em Stock”, “Passeio dos Alegres”, na televisão no programa “Bom dia Portugal” e realizamos ainda um Teledisco que passou em alguns programas de televisão. Igualmente na imprensa a banda deu algumas entrevistas, nomeadamente no Jornal Sete, entre outros.


8- E em relação a concertos, os BR chegaram a tocar com alguns nomes maiores do Rock Português? Podes contar quais foram os concertos mais marcantes?

NL - A única participação ao vivo ocorreu no âmbito do Festival “Só Rock”, no Jardim da Sereia em Coimbra com uma audiência enorme. Uma experiência inesquecível!




9- Depois dos BR, chegaste a participar em mais alguns projectos musicais?

NL - Sim, mas, como direi, mais para consumo interno.


10- Sentes alguma nostalgia dos tempos dos Brigada Reumático?

NL - Embora tenha sido um tempo algo efémero, como se depreende da pequena história do grupo, ficam sem duvida as saudades de um período muito fértil no plano da musica portuguesa, onde o estimulo para a criatividade era uma constante. Foi com efeito uma conjuntura que muito nos enriqueceu não só no plano artístico, mas também humano.


11- Queres deixar algum comentário final?

NL - Apenas agradecer esta entrevista e o facto de se ter lembrado de nós. Afinal há muito que julgava a BR no “arquivo morto”, e esta foi uma boa oportunidade para revisita-la.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Discolector , Lisbon Subs

Discolector (em latim quer dizer Colector de Discos) é uma nova secção do blog , dedicada ao pessoal que tem como hobby o coleccionismo de discos de vinil.
Coube ao meu amigo Lisbon Subs, inaugurar esta série de entrevistas , tendo a conversa girado à volta dos discos e do Punk-rock.



1- Quais são os discos que mais tens orgulho em ter na tua colecção ?

Lisbon Subs - Gosto muito do primeiro album dos Clash , o feeling que nos transmitem os temas que o compõem, foi de alguma forma um dos principais albuns que gerou a mudança que deu origem ao fim do movimento hippie para dar forma a nova vaga o punk, adora o aspecto e apelação que a capa transmite com a foto do grupo em foco.

Um outro album que eu estimo e prezo muito é sem duvida alguma o primeiro album dos Cock Sparrer, admiro o conteudo onde o som e a musica nos transmite um fundamento agressivo da violencia que existia e que se vivia nas ruas na altura. Este album tem uma coisa muito curiosa foi apenas editado em Espanha nunca teve prensagem inglesa de onde o grupo é oriundo, é de alguma forma bastante estranho, não sei qual o motivo do sucedido.






2- Muitos discos tem uma história relacionada com a sua compra , tens alguma história engraçada sobre a aquisição de algum disco ?

Lisbon Subs - por mais estranho que pareça nunca tive ou melhor não me lembro de alguma historia que tenha tido com a compra de um disco.

3- Quantos Lp’s e Singles compõem a tua colecção ?

Lisbon Subs - Tenho aproximadamente por estimativa cerca de trezentos lp´s e cerca de 1000 singles relacionados com a vaga punk. Onde julgo necessario salientar que o que conta não é a quantidade procuro tudo aquilo que de melhor se fez no punk.

4- Actualmente quais são os discos que mais ambicionas encontrar ?

Lisbon Subs - Neste momento estou á procura de alguns singles um deles é " Everyone´s is a winner" prensagem francesa do agrupamento inglês London para completar a série do grupo onde fazem parte algumas réplicas de capas unicas e originais de paises como Alemanha e Italia. Procuro também o single do agrupameto norte americano Crime "Frustration" .

Procuro comprar o single de capa unica dos Slaughter and the Dogs italiano que neste momento está a atingir valores muito fora do normal e por ultimo procuro o single do agrupamento femenino françes " Lou´s" grupo apadrinhado pelo já falecido Joe Strumer dos Clash e que alias saliento a sua participação no festival de Mont de Marsant no sul de França com os Clash.

5- Qual foi o primeiro disco “Punk” que compraste ?

Lisbon Subs - Os dois primeiros singles que comprei foi o primeiro dos Sham 69 chamou-me a atenção a fotografia do single o fundo com o nome de uma agência funerária e onde vários policias levavam possivelmente um punk preso! onde o som era bastante duro e primitivo.

O segundo sensivelmente adquirido na mesma altura o 1º e unico single da banda punk parisiense os Guilty Razors banda formada por filhos de imigrantes espanhois, a capa chamou-me a atenção por ser muito sugestiva e fora do normal para os tempos que corriam elaborada com muitas lâminas de barbear! ( um icone do punk juntamente com as correntes e alfinetes de ama) e onde no meio está uma guilhotina e ainda mais estranho na contra capa a fotografia de uma ratazana pendorada por várias cordas algo de muito agressivo e o som dos três temas que compõem o ep é brutal.

Quero ainda referir como simples curiosidade eu tenho estes originais comigo que comprei quando tinha treze catorze anos na minha fase de teenager numa discoteca nos Campus Elisios que se chamava Lido em Paris que a ja muito tempo que fechou. Foi a partir destas aquisições que tomei conhecimento do movimento punk que tinha então começado.



6- Para além do Punk , que outros estilos de música coleccionas ?


Lisbon Subs - Para além do punk coleciono bandas punk/garage dos anos 60, tais como Sonics, Waillers. Duas importantes bandas que de certa forma contribuiram para o surgimento do punk nos finais dos anos setenta. Coleciono também singles dos grupos Mc5 & The Stooges também eles grandes impulsionadores da primeira vaga punk dos anos 60 e 70.

Tenho uma grande afinidade pelo rockabilly onde aprecio sobretudo Gene Vincent, Sonny Fisher e Link Wray, não esquecendo duas importantes bandas bastante mais recentes o qual admiro muito estou sem duvida alguma a falar das duas bombásticas bandas de punkabilly The Cramps e Gun Club onde procuro todo o tipo de registos pertencentes a ambas.

Em ultimo plano coleciono também singles e lp´s de bandas que complementam o nucleo duro do pub rock, onde menciono nomes que fazem parte do carisma nostalgico da minha coleção. Hammersmith Gorillas uma das minhas favoritas onde precedem os Eddie Hot Rods também eles muito bons , temos também os Dr. Feelgood, Jook , etc.

7- Quais os aspectos que dás primazia quando compras um disco ? És exigente em relação ao estado de conservação dos discos e das capas ?

Lisbon Subs - Os aspectos que eu dou mais valor num disco é que a capa esteja em bom estado ou que pelo menos para lá caminhe, sinto-me bem quando olho para a coleção mostro um certo orgulho vendo que parte dela está nova, devido a muitas horas e mesmo anos de procura na internet e lojas de musica e sem duvida a um grande investimento e dedicação.





8- Quais foram as tuas últimas aquisições ?

Lisbon Subs - As minhas ultimas aquisições foi o hiper raro single dos Slaughter and the Dogs belga de capa unica, que por sua vez é muito raro e caro, e adquiri também a reedição do primeiro lp do grupo The Outcasts banda irlandesa um optimo album de punk 77, quero salientar que adquiri esta copia devida ao original estar um pouco gasto e com alguns estalos a ovos estrelados no vinil.

9- Podes dizer uma banda, que nunca tenha editado nenhum disco em vida, que gostasses que tivesse editado um disco ?

Lisbon Subs - Sem duvida que são os Faiscas, que deram origem aos Corpo Diplomatico e que por muito estranho que pareça derramou-se muita tinta, muitas entrevistas, muitos concertos, mas ficou um vazio , nem uma amostra discográfica que os mantivesse para a posteridade, refiro o mesmo para a banda também ela da mesma altura dos Faiscas os Minas e Armadilhas. É possível que a musica tocada por ambos não atinja as espectativas que nós esperamos, mas fica sempre algo por preencher, a visão de um puzzle por construir, a curiosidade, qual foi de facto o seu som , não deixa de ser estranho.

10- Qual é o disco ou discos que achas que qualquer coleccionador de música Punk deveria ter na sua colecção ?

Lisbon Subs - Aconselho o 1º album dos australianos The Saints (I ´m Standed) de preferencia a prensagem australiana, alberga um som fantástico mostra-nos o panorama do punk onde eu os defino como " sound of speed".

Temos de seguida uma das obras primas do punk Wire (Pink Flag) Aconselhável.
Viajando um pouco para o pais do Tintin temos um grande grupo que de alguma forma soube mostrar a muitos grupos ingleses , o que de facto é o som punk, aconselho a qualquer colecionador o 1º album The Kids é simplesmente bombástico muito bom.

De França o primeiro dos Metal Urbain (Les homes mort sont dangereux)
de relembrar que foi das poucas bandas juntamente com os Stink Toys de Jacno a serem bem aceites pela imprensa inglesa. Por ultimo passo a referenciar uma pequena lista de material necessario para uma boa coleção de punk.

- o primeiro LP The Avengers
- Crime - San Francisco´s doomed
- Johnny Thunders and the Heartbreakers L.A.M.F.
- Buzzcocks - Another music in a different kitchen
- o primeiro lp The Undertones
- Uk Subs - Another kind of blues
- Subway Sect - Compilação " We oppose all Rock & Roll " 1976 - 1978

E muitos mais, fica para uma próxima .....






sábado, 25 de abril de 2009

Entrevista , Pedro Lima (Opinião Pública)



Opinião Pública , da esquerda para a direita : Pedro Lima, Carlos Baltasar, Carlos Terramoto, Luis Fialho


É com todo o agrado que publico a quarta entrevista em exclusivo para o blog , o entrevistado é o Pedro Lima , antigo guitarrista dos Opinião Pública , desde já agradeço ao Pedro a sua disponiblidade em responder as questões e agradeço também as imagens que forneceu dos Opinião Pública.



Rock no Liceu 1- Podes contar um pouco sobre o começo dos Opinião Pública ? quais as principais influências na altura ?

Pedro Lima - Os OP sao o resultado de um hobby - a musica - que eu e o Carlos Baltasar, o baterista, desenvolvemos desde os nossos 12 anos. De facto, ja tinhamos uma banda (na altura dizia-se conjunto/grupo) ainda antes de sabermos tocar! A medida que a nossa aprendizagem musical se foi fazendo, fomos adicionando/retirando ao nosso projecto os amigos que connosco iam-se interessando/desinteressando por rock. A partir de certa altura (os meus 15/16 anos?), o Carlos Terramoto - voz e guitarras - passou a fazer consistentemente parte desse grupo. O Luis Fialho - baixo - foi o ultimo a entrar, numa altura em que as nossas ideias sobre o que queriamos fazer musicalmente ja andavam muito proximo do projecto OP.

As nossas influencias foram bastante ecleticas e evolutivas com a passagem do tempo. Com 12/13 anos ouvia bastante rock progressivo - genesis, yes, van der graaf generator, king crimson - mas tambem led zeppelin, deep purple, the who, hendrix, lou reed, neil young e claro beatles. Posteriormente, veio o punk e a new wave, com os sex pistols,stranglers, ramones, patti smith, clash, police. e ao mesmo tempo fui descobrindo os stones, com quem aprendi o que era um riff e que me levaram ate aos blues. E um LP que me marcou bastante no final da decada, o manifesto dos roxy music. Mas de uma forma geral ouvia de tudo um pouco, do pop a musica classica.


2- Os OP surgiram juntamente com uma série de outras bandas (o chamado “boom” do Rock Português) , sentiam-se enquadrados nesse movimento , quais as bandas da altura que achavas que tinham qualidade ?


PL - Quando os OP deram o seu primeiro concerto -- ver em baixo -- nao tinha qualquer consciencia da existencia de um boom do rock portugues, talvez porque tivessemos surgido ainda antes do boom. Mas rapidamente foi facil ver que haviam muitas outras bandas que tentavam marcar o seu proprio espaco, tal como nos. As bandas que mais me interessaram nesse periodo foram o Rui Veloso, os GNR (portugal na cee), os street kids, os xutos (ainda muito anti-establishment) e os UHF que eram excelentes nas suas prestacoes ao vivo. E mais tarde os Herois do Mar.


3- O single “Puto da Rua” obteve boa aceitação do público e das rádios , tens alguma ideia de quantas cópias foram vendidas ?


PL - Não faço ideia.





4- Os OP participaram no concurso “Só Rock” no qual foram 2º classificados , lembro-me de ler algumas críticas de vossa parte a esse concurso , podes contar um pouco sobre isso ?


PL - O boom do rock portugues no principio dos anos 80 e, na minha opiniao, um dos simbolos da normalizacao de um pais que tinha vivido decadas de autoritarismo seguidas de um breve periodo de convolucao social em que as preocupacoes politicas ocuparam o centro das atencoes. Com o fim desse processo (o chamado PREC), o pais foi-se aproximando dos outros paises do mundo ocidental, quer economicamente (embora lentamente) quer em termos sociais e culturais. E o rock foi ocupando um pouco o vazio deixado pelas clivagens ideologicas e e tambem o resultado da abertura ao mundo provocada pelo 25 de Abril. Havia tb o impacte dos retornados que traziam habitos sociais diferentes, menos fechados e mais cosmopolitas do que os dos nativos. Uma influencia semelhante -- sobretudo na provincia -- resultava das emigracoes recentes para Franca e ainda para a Alemanha.

O so rock e um dos testemunhos de tudo isto -- como o foram tb os programas de radio ao vivo do Julio Isidro. Eu nao faco ideia de quantas bandas por la passaram, mas foram muitas seguramente. Bom, nem tudo era musicalmente audivel, mas foi um fenomeno social muito interessante. Eu nao sei se alguem ja estudou isto com detalhe, haveria talvez aqui materia um estudo academico de sociologia!!

A passagem dos OP pelo so rock foi boa, mas no fim deixou-nos um sabor um pouco amargo. Depois de uma passagem facil por uma eliminatoria, acabamos em segundo na final. mas depois da nossa prestacao na final e dado o feedback que receberamos de alguns membros do juri antes do anuncio da decisao, estavamos convencidos que iamos ganhar.


Ganhar para nos era importante porque o primeiro premio era um sistema PA que nos nao possuiamos e que tinhamos de alugar sempre que davamos um espectaculo. O segundo lugar dava direito a gravacao de um single, mas por essa altura ja tinhamos chegado a acordo com a rotacao para a gravacao do puto da rua. para alem disso, frustrou-nos bastante o facto da banda que ganhou ter pouco a ver com o espirito so rock, ou seja, de bandas de putos que estavam a criar uma cena musical rock em portugal. Os tipos que ganharam eram ja profissionais ou semi-profissionais e de uma geracao anterior a nossa. ou entao foi so uma manifestacao de mau perder!




5- Qual a razão do pouco sucesso comercial do Lp “No Sul da Europa” (para mim o melhor disco editado em Portugal em 1982) ? Foi a falta de sucesso do Lp que fez com que os OP acabassem ?


PL - O sul da europa vendeu pouco por um comjunto de razoes. eu nao sei se tera sido o melhor disco de 1982 -- de qq forma obrigado pelas palavras simpaticas! -- mas na altura parecia-me um LP com uma serie de temas fortes, com algumas ideias engracadas para a epoca, sobretudo no contexto portugues (e engracado ver que o LP mereceu umas criticas mais positivas anos depois da sua saida do que propriamente na altura).

Acontece que em 1982 o mercado comecava a estar um pouco saturado do rock portugues e as editoras comecavam a ter uma ou duas apostas fortes: UHF, taxi, rui veloso, herois do mar, antonio variacoes. A rotacao era uma editora pequena e nao muito organizada, acho. a promocao do LP foi erratica e facto e que as radios nao pegaram no tema em que nos apostavamos mais -- o ritmo de vida, que nos achavamos ter todas as condicoes para se tornar muito mais conhecido que o puto da rua. no fundo, os OP foram um dos exemplos perfeitos do boom do rock portugues: apanhamos a boleia para atingirmos alguma notoriedade, mas desaparecemos rapidamente a medida que o boom se esfumou.


O fim dos OP nao e uma consequencia directa do insucesso comercial do LP, embora seja obvio que se tivessemos vendido milhares de copias tudo teria sido diferente! Mas nos continuavamos a ser bastante solicitados para concertos e nenhum dos 4 membros dos OP dependia economicamente da banda. para mim, contudo, chegou uma altura em que me senti a repetir aquilo que ja tinhamos feito: os mesmos concertos, as mesmas entrevistas, as mesmas musicas.

Escrevi na altura um tema sobre isto mesmo -- Cores de Fogo -- que foi uma especie de Cronica de uma Morte Anunciada para os OP! Ironicamente, tornar-se-ia num dos meus temas favoritos, se nao mesmo o favorito, de toda a historia dos OP. No fundo os OP tinham completado o seu percurso e nenhum de nos estava disposto a apostar em ser musico profissional. Eu, o Carlos e o Luis eramos estudantes universitarios na altura e foi isso que continuamos a fazer nos anos seguintes.





6- Achas que os Opinião Publica poderiam ter tido uma carreira sólida na música , tal qual uns UHF ou uns Xutos & Pontapés ?


PL - Resposta objectiva: nao, tanto assim que de facto fechamos a loja em 1982.


Pedro Lima.

7- Quais os momentos mais marcantes dos OP ?

PL - 1. O primeiro concerto dos OP, na Aula Magna do Universidade classica de Lisboa. A realizacao de um sonho de puto, ainda para mais com uma recepcao entusiastica, incluindo convites para mais concertos.


2. O segundo concerto dos OP, num concerto de homenagem ao John Lenon, assassinado uns dias antes. Acabados de sair com exito do nosso primeiro concerto fomos promovidos a segundos cabecas de cartaz numa grelha de 5 ou 6 bandas! Demos o pior concerto da nossa carreira: o exito corrompe! Os assobios foram, como diriram os anglo-saxoes, a humbling experience.


3. A gravacao do single e sobretudo do LP. Descobrir o processo de criacao/transformacao sonica, de por tudo junto, foi um prazer enorme. Sobretudo porque passamos muito tempo no estudio sozinhos – nos e o o engenheiro de som – e podemos experimentar os botoes da mesa de som mais ou menos a vontade ...


4. alguns concertos especiais, quer pelo prazer de tocar quer pelas aventuras que os acompanharam. Fantastica maneira de se passar o tempo quando se tem 20 anos - e nao so, suponho.






8- Existem gravações “perdidas” (demos de ensaios , inéditos) dos OP ?


PL - talvez, mas eu nao tenho nada. De qq das formas o que existisse seria de qualidade -- sonora, pelo menos -- mais do que duvidosa.




9- Uma curiosidade , aonde foi tirada a fotografia da capa frontal do single “Puto da Rua” ?


PL - Em Lisboa, na avenida Jose Malhoa (entre Sete Rios e a Praca de Espanha) . O fotografo estava na porta da garagem de um predio quase ao lado do edificio da EDP e criou um contraluz engracado.


10- O que achas do reconhecimento dos OP por uma nova geração ? Qual a tua opinião acerca da cover do “Puto da Rua” que os Albert Fish gravaram ?



PL - Eu nao sei se ha algum reconhecimento, pensava que os meus filhos e sobrinhos eram os unicos da nova geracao que ja tinham ouvido falar nos OP. Qd um sobrinho me mostrou o site e a cover do puto da rua dos Albert Fish fartei-me de rir, nunca pensei que alguem pegasse num tema dos OP. Gosto da versao deles, sobretudo do som mais punk que eles lhe imprimiram.







11- Os OP são conhecidos lá fora graças a uma colectânea internacional “PowerPearls” , parece-te estranho que os OP passados mais de 20 anos tenham algum reconhecimento no estrangeiro ?


PL - Qualquer reconhecimento dos OP em 2009, em Portugal, no resto do mundo ou mesmo em Marte, surpreende-me.






12- Hoje em dia referem o som dos OP como de PowerPop , achas correcto essa catalogação , como é que definirias o som dos OP ?


PL - Eu nao sei bem o que e o PowerPop, mas nao me parece um mau rotulo. A minha ideia inicial do que os OP deveriam fazer era mais ou menos essa: simples temas de rock, possivelmente cantados em portugues (embora as nossas primeiras musicas fossem cantadas em ingles).


13- Depois dos Opinião Pública , continuaste ligado à música , tiveste outras bandas ?

PL - Com o fim dos OP acabou a minha ligacao ao mundo das bandas. O hobby contudo nao morreu -- continuo a tocar guitarra nas horas vagas – nao sao muitas! – e enquanto estudante nos EUA fiz parte de uma marching band (de musica andina, em que tocava bombo!), e juntava-me ocasionalmente com um grupo de colegas e amigos para tocar covers de cancoes de jazz, rock’n’roll and so on. Com eles fiz a minha ultima actuacao "ao vivo" em 1992, numa open-mic session na universidade local. Acompanho com alguma curiosidade o desenvolvimento da musica digital (music and computers) e de ha uns anos a esta parte dedico-me a aprender a tocar piano.


14- Hoje em dia ainda manténs o contacto com os outros ex. membros dos Opinião Pública ?


PL - Um contacto marcado pela distancia, ja que eu nao vivo em Portugal ha mais de 20 anos. estive com o Carlos Baltasar este Natal, com o Luis Fialho ha uns dois anos. O Terramoto ja nao vejo ha uns bons anitos. Como podes ver, nao estamos propriamente a preparar a comeback tour...



Banda Desenha "Puto da Rua" , Jornal "O Sete" 1982


15- Qual é a tua música favorita dos OP ?

PL - um tema pos-album, o "cores de fogo" , mas tb o "suburbio", o "ritmo de vida", o "puto", nao sei, gosto de todos os meus filhos!



16- Por fim , queres deixar algum comentário ?


PL - Como imaginaras alguns detalhes foram sendo apagados pela passagem do tempo... Confesso no entanto que me deu bastante prazer falar disto tudo tanto tempo depois dos OP terem feito o seu percurso.





quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Modulares : Mod made in São Paulo



Directamente de São Paulo , entrevista aos representantes da cena Mod Paulista , os Modulares , na pessoa de Jun (Guitarrista e vocalista). Entrevista em exclusivo para o blog "Hoje há Punk-Rock no Liceu" e para a zine "Modernista" , desde já agradeço a disponibilidade dos Modulares e em especial do Jun em responder as questões , espero que seja um principio para um maior intercambio de ideias entre os Mods tugas e os Mods do Brasil. Para mais informações e para ouvir o som dos Modulares nada melhor que dar um salto ao myspace do grupo : http://www.myspace.com/modulares , http://www.purevolume.com/modulares



1- Podes contar um pouco da história dos Modulares ?



Jun - Bem, .a história do Modulares se inicia a partir de uma pausa do grupo Laboratório-SP, onde eu, o Fábio e o Almir tocamos por um periodo de 5 anos. Como tínhamos algumas canções prontas, resolvemos então formar um novo grupo, com uma abrangência musical um pouco diferente do Laboratório-SP, que era mais influenciado pelo Soul, R&B e pelos grupos de garagem dos anos sessenta.Portanto, a nossa história está começando a ser contada a partir de agora...temos bastante a fazer daqui para frente!




2 – As vossas maiores influencias são bandas Mod Revival , The Chords , The Jam , achas que o som Mod Revival continua actual nos dias de hoje ?



Jun- Acredito que sempre continuará atual, prova disso são os muitos grupos que vemos com tais influências musicais e visuais nos dias de hoje, aqui no Brasil, no Japão, Grã-Bretanha...O som desses grupos são atemporal, principalmente o The Jam, que continua sempre sendo revisitado a todo momento...




3- Qual tem sido a reacção das pessoas à vossa música ? descreve o vosso público , é todo ele mod , ou aparecem Punks , Skins nos vossos concertos ?



Jun - Como disse antes, ainda estamos no começo, mas posso garantir que a recepção tem sido bastante positiva. Os nossos primeiros shows foram bem comentados e estamos bem satisfeitos com o rumo que as coisas estão indo...Falar do público que nos acompanha por aqui é algo meio complexo. No Brasil, em São Paulo em especial, não existe muito essa segmentação de público. Nos lugares que tocamos aparece de tudo, desde punks até playboys, pseudo skins... mas também aparece os nossos amigos, que gostam e se identificam com o nosso som...




4– No Brasil chegou a surgir uma movimento mod nos anos 80 , com os Ira! , que podes contar sobre esses tempos?



Jun- Quando o Ira! surgiu com o primeiro album, "Mudança de Comportamento", eu era bastante jovem e não pude acompanhar muito de perto. Mas, sempre gostei desse album, desde criança. Eu já percebia que as músicas eram bem diferentes das que tocavam nos rádios até então. É claro que eu não entendia muito bem o significado das letras, o que representavam, mas com o tempo digamos que fui "vivendo e aprendendo"...Porém, até onde sei, nunca chegou a existir um "movimento Mod" exatamente. O que houve é que o grupo se tornou bastante popular e chamou a atenção da mídia para essa questão do Mod, talvez por que eles tinham uma música chamada "ninguém entende um Mod", e também pela postura contestadora dos seus integrantes...





5– Até que ponto achas que os Ira! do inicio da sua carreira foram importantes para a cena Mod actual brasileira ? Achas que a música “Pobre Paulista” é um hino Mod ?



Jun - Como disse anteriormente, é complicado falar se "cena Mod" brasileira, mas é claro que aqueles dois primeiros albuns do grupos são clássicos do gênero por aqui, e sempre exercerão grande influencia sobre todo grupo novo que apareça com essa temática modernista.........se a música "Pobre Paulista" é um hino Mod? Depende muito do conceito de cada um. Aqui no Brasil muitos a consideram como tal... mas para mim, por exemplo, um grande hino do gênero é a música "Pegue Seu Parka", do grupo paulistano The Charts.











6- São Paulo é o berço de muitas bandas brasileiras importantes , onde fervilham várias tribos urbanas , São Paulo é uma forte influencia para a banda ?




Jun - Totalmente, principalmente o lugar de onde viemos, a Zona Leste da Cidade.... São Paulo é uma das 5 maiores metrópoles do mundo, com trânsito caótico, pessoas apressadas, ar poluido, a vida noturna e cultural bastante agitada, o centro velho, enfim, se não fosse nascido e crescido aqui, jamais escreveria o que escrevo...nem o Modulares seria o que é.




7 – E nos dias de hoje como é que descreves a cena Mod no Brasil ? Existem mais bandas Mod ? Há clubs Mod no Brasil ?



Jun - Olha, para ser bem sincero, está longe de existir "cena Mod" no Brasil, como comentei antes.O que acontece por aqui é que, de tempos em tempos, áparece algum grupo com fortes referências sonoras e/ou visuais desse segmento Modernista.Posso citar alguns exmplos: no inicio dos anos 80 apareceu o Ira!, que foi o primeiro grupo a chamar a atenção para essa temática. Lá pela metade dos 80's surge o Faces e Fases. Esse grupo dura por um/dois anos e depois dá origem ao The Charts, que vai até meados de 99. Daí, no inicio de 2000, aparece o Laboratório-SP em São Paulo, e o Tarja Preta em Curitiba/PR. Lá por 2005/06 aparece o Efedrinas também de São Paulo... e agora o Modulares, para continuar incomodando.....Portanto, é sempre muito dificil dizer precisamente se tem ou não cena Mod no Brasil... Quanto aos clubes Mods, até o ano passado, existia a Start!, que era uma festa organizada por amigos que gostavam dessa coisa modernista, mas parece que não existe mais.O pessoal acaba se reunindo nos bares ou nos shows de grupos que tem uma certa relação com o Mod...








8 –Quais são os vossos projectos para um futuro próximo , discos , tournée ?



Jun- Os projetos são: continuar compondo e fazendo shows o máximo possivel. É claro que pensamos em lançar um album oficial, mas isso será mais para frente. Agora pensamos em fazer chegar nosso som ao máximo de pessoas...




9-Através do myspace tem tido algum feedback por parte das bandas históricas do Mod Revival Inglês ?



Jun - O myspace é uma ótima forma de se chegar ao mundo todo via Internet. Estamos apenas a dois meses lá e já temos respostas bem rápidas. Veja, se não fosse pelo myspace, nem estaríamos conversando sobre Modernismo nesse momento. Quanto aos grupos mod revival, foi melhor ainda.O pessoal do The Chords adorou saber que existe grupos que os admiram aqui no Brasil, o The Carpettes também ficaram bem curiosos sobre isso...tem um pessoal da Suécia (The Men), o The Ace, da Inglaterra...enfim, estamos encurtando os laços e trocando informações...tudo via myspace....Existe também um selo da Alemanha, que nos conheceu através do myspace, interessado em lançar duas músicas do Modulares em uma coletânea..estamos conversando...



10 – Para além do Mod Revival que outro tipo de som vocês ouvem ?



Jun- Basicamente, ouvimos as mesmas coisas...por exemplo: o pós-punk inglês (XTC, Gang of Four...), os grupos de garagens obscuros dos anos 60 (Garage Punk Unknows, Pebbles, Nuggets...). Também ouvimos Ska/Rocksteady, Soul music...



11-Se puderes enunciar 5 músicas que para ti tenham sido marcantes ?



Jun- Essa é a pegunta mais dificil (risos), mas agora as que me vem a mente são essas:1- All or Nothing - The Small Faces2- Making Time - The Creation3- I Take What I Want - Sam & Dave / The Artwoods4- Going Undergound - The Jam5- Running On The Spot -The Jam




12 – Queres deixar algum comentário final …



Jun - Gostaria de agradecer a todos ai de Portugal, ao Fanzine Modernista, André, enfim, todos...Continuem Mantendo a Fé...Um abraço do Modulares a todos ai de Portugal!!!!!Esperamos um dia passar por ai.Keep The Mod Burning!!!!!!!!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Private Dicks : Directamente de Bristol , a entrevista (Interview)



É com grande apreço que publico hoje uma entrevista em exclusivo para o Blog de umas das bandas de culto do PowerPop Inglês. Estou a falar dos Private Dicks uma das bandas (da primeira leva) que continuam a estar em voga. Com um single editado em 1979 , "She said Go" , e com um futuro promissor , acabaram demasiado cedo , para o potencial que tinham. Passados mais de duas decadas , com a febre do powerpop , a editora Japonesa 1977 records , pega nas gravações dos PD e editam o cd "Homelife" (cd esse já há tempos esgotado). Essa mesma editora iria editar outro cd dos Private Dicks "Live at Marquee" , constatando-se à primeira audição , que os Private Dicks eram mesmo uma banda de palco. No decorrer deste ano de 2007 , ainda acabado de sair da fábrica , é lançado o Lp dos Private Dicks , "Homelife" , edição exclusiva em vinil. Entrevista foi feita ao vocalista dos Private Dicks,Gavin King. Thanks Gavin. Myspace : http://www.myspace.com/privatedicks1979bristol


1- How was the last concerts ?

Gavin King (Private Dicks) -- Ummmm . . . our last gig as a band was January 1980 which was bloody awful we never played live again for another 22 years. Since then we played four songs about five years ago for a friends birthday, the launch party for Avon Calling CD in Nov 2005, a local warm up gig at the end of Oct 2007 and Bar Fiacre in Bordeaux for Frantic City on Nov. 3 2007. Sooooooo . . . that aint many really. To take the ones we have done since 1980: the friends party was very good and we were very tight considering how long it was since we had played. The Avon Calling was disappointing. We really hoped for a much better soundand we looked and sounded stiff, only coming alive when Jon Klein joined us (see the video on our myspace site). The local warm up gig was ok first set, then the PA people dismantled the PA and took it home thinking we had finished so we put the vocals through a 100 watt marshall stack and it really really rocked. It was so good to know that we still had it. Bordeaux? Bart from Frantic was really pleased, said we sounded just like the record. However, I was very disappointed personally. I intend to make up for it at The Road to Ruins in Rome Dec. 14. That may sound like I'm being a bit harsh considering we've only done three and a half gigs in 28 years but fuck, if you've got standards you don't drop 'em just cos you're an old bastard.


2- How new technologies (internet :myspace,mp3) influenced Private Dicks reunion ?

Gavin -- If it hadn't been for Kidnap from The Not Amused we wouldn't have done anything. It was him who badgered me into getting my Son Kahn to set the page up for me whilst I was in the States March 2007. To be honest I couldn't really see the point. Who the hell would want to visit a page about an obscure band from the seventies? Well sod me . . . quite a few actually. Consequently, here we are having a great old time.


3- Where did the idea "Private Dicks" name come from ? Any hilarious stories with band name ?

Gavin -- The name came about, I'm afraid, in rather a different context than most people understand or expect. I was a big fan of Philip Marlow and made the guys watch Bogie in the title role. At one point he is asked 'what are you some kinda cop ?' He says 'Me ? I'm a Private Dick'. We were searching for a name, we'd had a few, and it just seemed to jump out of the screen at us - we all looked at each other and said 'We ARE Private Dicks'. That's it. The song Private Dicks was based around another Bogies movie which we thought drew some threads together where Lauren Bacal says to Bogie 'If you want me just whistle . . . you know how to whistle dontcha ?' That answers many people's questions about the 'whistling' lyric on the song Private Dicks itself. There aren't any hilarious stories really, just young kids nowadays sniggering behind their hands. Back way then, everyone else knew what a Private Dicks was . . . how times change. The band didn't really become the Dicks until March 1979 when a second guitarist left and we became a four piece: Huw 'Shugs' Davies Bass, Mark 'Sybs' Seabright Drums, Paul 'Guivey' Guiver Guitar, Gavin 'Ol' Man' King Vocals. The band was 'really' formed in the summer of '78. I'd left my previous band Uncle Po - which included Helen O'Hara later of Dexy's Midnight Runners - and one night attended a gig by the Wild Beasts, whose bass player Andy Franks became Robbie Williams and then Coldplay's tour manager, while the drummer, Kenny Wheeler, owned Sound Conception Studios where we were to record most of our material. "I was watching the Beast when a couple of guys I knew slightly carried this bloke over to me - he was drooling and couldn't stand up. They asked if I was still looking for someone to write with. 'This guy's brilliant'. They said he would come over to see me next week. Sure enough, next week I saw this bloke with a guitar outside my flat. I thought, I'm not letting him in, he'll soon go away. But he didn't. And I let him in and he stayed till about three in the morning, and we wrote half a dozen songs that night, including 'She Said Go'. That was Paul Guiver." We needed some collaborators though. Uncle Po's ex-drummer, Jimmer Hill, ended up playing in Sneak Preview, who also appeared on Avon Calling. The main man behind that band was Neil Taylor, now Robbie William's lead guitarist. "Neil often played with the Dicks live and on a few recordings. Jimmer's girlfriend cautiously mentioned that her young brother was in a band called The X-Spurtz and that they had parted company with their singer. They were very much a three-chord punk band, 15 or 16 years old. They recorded one notorious single I believe, 'Rape', about a serial rapist at large in the Clifton area of Bristol. Guivey and I drove down to see them in Somerset but weren't particularly optimistic. However the rhythm section blew us away. They were shit hot. Sybs - the drummer - was stunning, even though he was only 16. And Shugs, the bass player, played a Gibson Grabber with the treble turned incredibly high, like Jean-Jacques of the Stranglers. The guitarist was a bit arty, and he was more into Siouxsie And The Banshees - which was ironic because later on, one of the guitarists who used to jam with us a lot was Jon Klein. Anyway, we rehearsed down at The Docklands in St Paul's, Bristol - the site of the Riots in 1981 - and the other guitarist decided to move to London. The rest of us were sat in the bar and Guivey said, 'Look, we've been trying to accommodate this guy, but Gav and I have a ton of material that foesn't suit him. Do you want to give that a try? We finished our pints and went downstairs and gave 'She Said Go' a shot. Twenty minutes later we all went, 'Wow, this is shit hot'


4- What influenced you to be a singer and what bands or artists did you grow up listening to?

Gavin -- According to me mother I was singing before I could talk. I was recruited by my headmaster into the choir at Malvern Priory in Worcestershire UK at the age of six and sang monday, wednesday, friday, saturday and twice on sunday's with them until me balls dropped (of course some people say that aint happened yet) and it was through those early years that i gained the ability to harmonize. I also had an elder brother Robb (God rest his soul) and as he was five years older than me I was listening to people like Ray Charles and Sleepy John Estes very early on. The Beatles and Stones came along and I was a big fan of Jagger and then when I saw the Pretty Things on TV - especially Phil May's hair - that was me hooked. Then the mod scene took off and we were listening to Motown/Stax etc. There were a number of British soul cover bands who were big at this time. One of the best was Zoot Money's Big Roll Band whose party piece was Barefooting. They were such a great band. But for me best of all was The Alan Bown Set. Their singer Jess Roden - who sang for the Butts Band later (the band formed by the surviving members of the Doors) - was my hero. The guy had such a fantastic voice. I really just wanted to be him. He was far better than his replacement in The Alan Bown Set, one Robert Palmer. Oh, and as for influences let's not forget alcohol. I was at a gig at the Malvern Winter Gardens where the support band was called Tarmac. I was very drunk and was told that they needed a singer. After they had played I walked up and told them I was a singer and they said right, audition Tuesday. I forgot all about this until they turned up to pick me up, but I must've been OK cos three days later I played my first gig with them, three hours of covers for which I made up every word - a skill i still use today.


5- "She said go" single had a good reviews in 1979 , Why PD didn't continue ?

Gavin-- 'She said Go' was the first song we recorded, about eight weeks after writing it. We recorded two other songs, Green is in the red and Forget the Night. We took the demo to Simon Edwards cos he was putting out a compilation of Bristol bands, (just about the first city compilation in the UK). After Avon Calling every city put one out. This one caught the attention of John Peel who included it in his his top 20 records of 1979. Somehow we heard this was happening, knocked on Simon's door - he lived opposite Guivey - and we gave him the demo tape. He liked it immediately and said he would put a track on the album. He rang back about two days later and said he had fallen in love with 'She Said Go' - now available on ebay for $150 - and wanted to put it out as his next single. It sold over 2,000 copies which for an indie wasn't bad but we had much higher hopes for it. We were due to record a follow up - Don't Follow My Lead - but a certain Mark Dean - the guy who discovered and was sued by WHAM! - caught us at a gig in Bristol (with Jon Klein from Siouxsie and the Banshees jamming with us - and thought we were the next big sensation. Indeed, he told George Michael he was lucky that he (MD) had screwed up otherwise we would have gone worldwide first (whatever!). Mark Dean had ideas above his finances and couldn't see that management was also about investment. We refused to sign the contract he offered after our legal advice was that it was crap. Dean got angry at this and walked. I think our heads dropped at that moment - even further into our beer and the plentiful breasts on offer - and we soon decided that it was time to move on. It was only three years after the Dicks decided to take their (extended) break that he got back in touch. By that time he had lots of dosh via WHAM and he wanted us back in the studios but even then he buggered the studio time about and me and Guivey decided that it just wasn't worth messing with the guy. He came back later by the way with MDM Records on which the Mighty Wah scored their 'Story of the Blues' track - a great record.







6- What is your favourite PD song ?

Gavin -- Interesting question - cos I know all the band have different ones. For me it is probably All I Want is You, not only because I wrote it for the girl who became my wife (25 years and counting) but also because of the session when we rehearsed it to such a great height. I won't tell you what was happening in the studcio that night but it was one of the best evenings we ever had. The excitement of the track was so much we just kept playing it and playing it. Sybs the drummer really doesn't like the song tho'. My Son Harry loves 5 Star Freezing, the singer from The Lavas in the USA wants to do a cover of Want Some Fun, whilst Astrid from The Nasties is hopefully singing Green is in the Red with me In Rome (if she can stand up by then). Green is in The Red really seems to be the one that most people latched onto . . . perhaps because of what they saw as the strange lyrics.... or as I think because of the stunning drumming on it . . . people can't believe that a 16 year old kid actually did do the drumming on that, live, and in one take. Mostly, though, I just wanna record the new stuff.


7- What do you think about new interest in old Powerpop bands ?

Gavin -- Is there new interest? I know that we've had a few hits on myspace but it's nothing compared to other bands on there. It does appear to be an esoteric calling. I suppose it's gratifying that people have listened to GreenDay etc and then gone back to see where it came from (apart from the obvious references). I have to say that we've never been mentioned by any name band as being worthy so we can't really claim anything. We were just a small part of something and have managed to last the distsance better than most. As to 'powerpop', I never have seen Private Dicks as a Powerpop band. That was such a derogatory term back then. We were always a New Wave band. Some people even put us in the 'Mod' category but dear God, if you had ever seen us play on the same bill as the Purple Hearts you'd know that we were anything but. However, it seems that all these terms have merged into Pop Punk which , if we have to be categorised, does it for me.


8- What has PD best memories ?

Gavin -- Best gig The Granary in Bristol Nov 1979 . . . I just wish that had been filmed. Playing the Marquee . . . one of my favourite ever albums was 'Live at the Marquee' which features one side by the Alan Bown Set and the other by Jimmy James and the Vagabonds (f you've guys have never heard it search it out) and to actually play the same place was very very special. But the best memories . . . it was the Summer of 1979 . . . man we had such a fucking GREAT time.


9- Have you ever had any regrets about first period of PD career?

Gavin -- Anyone who says they aint got no regrets is either a fool or a liar. However an even bigger fool wastes his time thinking about them.


10- I know that "Homelife" CD released by 1977 Records has sold out , and PD has a new release by Rave Up , any reason for this success ?

Gavin -- Haven't a clue. The 1977 Japan thing came completely out of the blue - we had no idea that there was anything happening out there. We were just so pleased to be able to get the stuff together. Paul Guiver (Guitarist) did such an amazing job with that album, remastering the whole thing. The work he did on the live album was even better. You would not believe the initial sound of those tapes . . . bloody hell, they had lay about someones attic for 25 years and part of the tape had rotted away and yet, and yet, he got what I consider to be a better sound that the studio album.


11- Are you writing new material ? Have plans for new recording ?

Gavin -- As sad as it may seem for some, we are in the midst of recording a new Album called 'EXILES IN NEVERLAND'. We have half a dozen new numbers written and pre-produced. We hope to ge these recorded in the new year with Neil Taylor producing. Part of the album is also going to allow us to record some of the songs that we never got around to doing in the studio such as Incest, Take Her Home, Michael from the live album. Also, perhaps, one from our pre-dick days called 'Crippen' which we all have very fond memories of. So I have a feeling it's going to be one side old and one side new.


12- Any final comments ?

Gavin -- Life is so awful . . . and so short.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Aqui d'el-Rock : a entrevista


Eis a primeira entrevista feita pelo Blog e logo com os Aqui d'el-Rock , os pais do Punk em Portugal , num total de 14 questões. Agradeço aos Aqui d'el Rock a disponiblidade que tiveram para dar a entrevista. Esta será a primeira de muitas entrevista que pretendo fazer , por isso em breve haverá outra entrevista e em principio com outra banda tuga.



P1 - Os Aqui d’el-Rock deixaram um legado importante na música portuguesa, sendo a primeira banda punk a editar um single em Portugal. Sentem que nos dias de hoje há o reconhecimento devido aos Aqui d’el-Rock?

R1 - O projecto Aqui d’el-Rock nunca foi da simpatia da comunicação social. Mesmo na actualidade, os críticos musicais do mainstream tem muita “dificuldade” em perceber e aceitar, a importância desse legado.



P2 - Antes de surgirem com o nome de Aqui d’el-Rock, eram uma banda de rock progressivo. A que se deveu essa mudança do Progressivo para o Punk?

R2 - Isso não foi bem assim. O que aconteceu foi que 3 dos elementos que fundaram os Ad’R já tocavam juntos numa banda que fazia covers. Nessa época em Portugal, era quase impossível fazer originais a não ser que fosse para tocar para uns quantos amigos. Mas a maioria dos temas que se recriavam, nem sequer tinham a ver com esse estilo. Depois e como tínhamos uma vontade enorme de produzir material original e como nos identificámos de imediato com o espírito do movimento punk em Inglaterra, essa mudança aconteceu naturalmente.



P3 - Que bandas influenciaram os Aqui d’el-Rock?

R3 - Logo no início, cada elemento punha no trabalho de conjunto aquilo que haviam sido as suas influências e referências pessoais de uma forma muita básica e sem grandes preocupações com o que se estava a fazer no meio punk. Com o decorrer do tempo, houve uma maior necessidade de nos relacionarmos com o que nos rodeava e aí houve um período em que nos influenciaram bandas como os The Clash, Television, Talking Heads entre muitas outras, ou artistas já consagrados como o David Bowie, Lou Reed, etc.


P4 - Quando surgiram como Aqui d’el-Rock, a palavra “Punk” tinham algum significado para o meio musical Português?

R4 – O significado era idêntico ao de hoje – provocadores que só sabem fazer barulho.
Importância teve muito pouca, até porque o punk teve uma fraca expressão em Portugal.


P5 - Já existiam os Faíscas? Que mais podem contar sobre esses tempos dos primórdios do punk em Portugal?

R5 – Os Faíscas surgiram para aí um dia antes ou dia depois de nós. Nunca se conseguiu apurar o facto com precisão. Algumas das coisas que tínhamos para contar estão já alguma tempo descritas no historial do site dos Ad’R em http://www.aquidelrock.pt/.


P6 - Tocaram muito ao vivo, fizeram inclusive algumas primeiras partes de grupos estrangeiros. Que memórias guardam desses concertos?

R6 – Na maioria foram bons momentos. Nas salas pequenas ou na província, havia um acolhimento e as recepções eram calorosas e frenéticas. Chegávamos a fazer para cima de meia dúzia de encore’s.
Houve no entanto um caso (Lene Lovich, Dramático de Cascais), em que fomos recebidos à tomatada - de acordo com a norma habitual do pessoal que frequentava o espaço para com as bandas lusas, que faziam as primeiras partes de artistas estrangeiros.


P7 - E o concerto com os Eddie & The Hot Rods em 1978 (considerado o primeiro concerto em Portugal de uma banda punk estrangeira) em que fizeram a primeira parte, esse concerto teve algum impacto?

R7 - Teve impacto e teve um mérito, que foi o de forçar a que os organizadores de concertos em Portugal passassem a obrigar os estrangeiros a partilharem o PA com os portugueses, quando estes fizessem as primeiras partes. Nesse espectáculo nós tivemos de alugar o equipamento aos Tantra e o facto de estar tanto material em uso criou grandes problemas.


P8 - Quais os momentos mais marcantes como Aqui d’el-Rock?

R8 - Houve vários, felizmente. Podemos salientar entre outros, as actuações no Brown’s com os Faíscas e os UHF devivo à particularidade do espaço e do ambiente criado. A 1ª parte da Lene Lovich no Infante de Sagres, no Porto, onde tivemos um som impecável - o que era muito difícil de acontecer na altura - e onde o público se entusiasmou ao ponto de obrigar a que tocássemos para lá da meia hora regulamentar para os portugueses, etc, etc.


P9 - O nome dos Aqui d’el-Rock aparece ligado ao mundo Killed by Death (em que existe um coleccionismo fervoroso por bandas punk). Julgam que foi o surgimento dos Ad’R nessas colectâneas KbD que fez renascer o interesse pelos Aqui d’el-Rock?

R9 – Não te sabemos responder. Terá com certeza, contribuído para isso.


P10 - Como é que surgiu o interesse da Rave Up (editora Italiana), em editar o EP dos Aqui d’el-Rock?

R10 – Como é sabido, a Rave-Up é uma editora que se especializou na edição/reedição de discos em vinil de bandas da área do punk da década 70. Por via da Internet, acabamos por ser contactados pelo responsável e o Pier propôs-nos a edição do EP. Naturalmente aceitamos até porque coincidia com o 30º aniversário da fundação do grupo.


P11 - Visto que os discos dos Aqui d’el-Rock quando vão a leilão (Ebay), geralmente acabam nas mãos dos coleccionadores estrangeiros, julgam que o nome dos Aqui d’el-Rock é mais reconhecido no estrangeiro do que em Portugal? A que se deve isso… maior poder de compra ou maior interesse por parte do pessoal lá de fora?

R11 – Com certeza que o interesse de estrangeiros nos Aqui d’el-Rock, prende-se ao peculiar facto de ter havido uma banda portuguesa ligada ao fenómeno punk, a gravar em plena época do seu rebentamento – meados dos anos 70. O poder de compra ajuda muito os que na sua cultura musical têm uma forte ligação ou interesse nesse acontecimento.


P12 - Que bandas portuguesas têm ouvido nos últimos tempos?

R12 – Não temos tido tempo para ouvir o que se faz por cá. Também é verdade que estamos quase que desligados do meio musical português. Estivemos mais de 20 anos afastados e isso fez-nos perder os contactos e as ligações.


P13 - Existem gravações de inéditos dos Aqui d’el-Rock?

R13 – As gravações que existem, pelo menos as do nosso conhecimento, são as que conseguimos recuperar à pouco tempo de umas cassetes encontradas no sótão e que foram captadas em ensaios.


P14 - Projectos para o futuro? Existe a possibilidade de num futuro próximo, de voltarmos a ouvir falar dos Aqui d’el-Rock?

R14 – Se o que queres saber é se os Aqui d’el-Rock voltarão a tocar ou produzir musica, respondemos que não. Tivemos já vários convites para que tal acontecesse, mas recusámos. Os Ad’R tiveram o seu tempo. Não nos faz qualquer sentido, recuperar a sigla apenas para eventualmente ganhar uns cobres, ou para armar figura e aparecer nos media como palhaços.
À cerca de ano e meio, os 3 elementos que formaram o núcleo central dos Ad’R (Fernando, Oscar e Serra), fundaram o projecto “há alma” (http://www.haalma.pt/), onde lentamente e no pouco tempo disponível, se propõe a recriar uma boa parte do tal material que se conseguiu sacar das cassetes de que se falou atrás. É aí que nós pretendemos falar e ligar no futuro, ao passado dos Aqui d’el-Rock.
Aqui d'el-Rock/há alma http://www.aquidelrock.pt/ http://www.haalma.pt/