Chegado o fim do ano é altura para os malogrados balanços dos melhores, dos mais ou menos, e dos piores. Se a nível de discos a coisa segue um caminho sem retorno para uma miséria confrangedora, no domínio dos concertos, ainda vamos tendo o ar de sua graça. No que toca a este último tópico, concertos, tenho de reconhecer que não fui a muitos, ora por falta de tempo, ora porque a maioria não me chamou à atenção. Pondo num canto esta lenga-lenga de enchimento de chouriços, é altura de falar daquele que foi na minha opinião o melhor concerto de 2017 em Lisboa. Refiro-me concretamente ao concerto protagonizado pela banda de Belfast, Protex. Foi no dia 10 de Novembro, sexta feira, um dia em que a cidade do tédio foi picada aqui e acolá por vários concertos, alguns de cariz duvidoso, outros sem grande interesse, a ressalva foi mesmo para a estreia em Portugal dos míticos Protex.
Já de certo que alguns já se depararam com o tema "Don't ring me up", mais que não seja numa daquelas selecções aleatórias que o youtube tanto gosta de nos impingir. Esse tema é o que podemos chamar o "cartão de visita" dos Protex, tema orelhudo e convidativo para cantarolar. Mas a história dos Protex é de fácil consulta, basta aceder a internet e está lá toda. Ou para quem goste de folhear uma revista, tem sempre o último número do Alfinete (#10), onde entre muitas histórias está a biografia da banda e uma entrevista em exclusivo com Aidan, guitarrista e fundador da banda.
Saltando uns degraus no texto é altura de abrir o livro sobre a passagem por Lisboa desta mítica banda de Belfast.
Foi numa sexta feira bastante acolhedora, o Inverno teimava em mascarar-se de Verão. Mas fizesse sol ou chuva a banda vinha com o intuito de abalar as fundições do bar "Popular Alvalade", e, esse intento foi alcançado. Certo que à convocatória só apareceram cerca de 80 pessoas, foram as suficientes para preencher o espaço e consumirem o ar que ia escasseando a cada música que era tocada. Num ritmo quase à la "ramones", com direito a algumas introduções e dedicatórias no intervalo das músicas, abdicando é certo do já nosso conhecido cronometro do 1-2-3-4 "aqui vamos". Protex cilindraram numa hora e meia os presentes com todos os seus trunfos, saciando todos aqueles que são fãs de longa data (15 anos já é uma bela data) e também aqueles que vinham com a expetativa de ver e ouvir um bom concerto rock n rol. A missão foi cumprida em pleno.
Alguns pormenores curiosos que poderão algum dia gravitar num futuro longínquo na orla da história do rock em Portugal. Aqui vão os segredos, os Protex tocaram duas vezes o tema "Strange Obsessions", coisa rara, ainda tocaram uma cover dos Ramones, num total de mais de 20 músicas, e do pouco que viram de Lisboa ficaram com boa impressão, quem sabe num futuro (próximo e não longínquo) possam voltar. Não houve espaço para reclamações ou discos pedidos, foi altura de arrumar a trouxa e seguir caminho que no dia seguinte haveria mais festa da boa em Loulé. Outra história que vai ficar na memória dos presentes. "All I wanna do (is Rock n Roll)" , Protex 1980.