The Cry! - Dangerous Game, 2014
Actualmente, para mim, começa a ser complicado falar da música contemporanea, não me refiro a música estrambólica, mas sim à música dos dias de hoje. Tal handicap leva-me a ter poucos trunfos debaixo da manga para digladiar-me com os musicólogos da musica corrente. Faço mea culpa, talvez a minha veia esteja inquinada pelo antigamente, podendo ser alcunhado de musicólogo contra-corrente.
Esta introdução serve de preambulo para a aprazível empresa de escrever a crítica ao novo album dos The Cry!, banda de Portland, que são um dos trunfos que tenho e que lanço sempre em conversas quando o tema é a música do agora.
Posso dizer que os The Cry! caíram-me no goto logo no primeiro momento. Praticantes de um powerpop de uma qualidade quase fora do normal para bandas actuais, podemos comparar os The Cry! a uma daquelas novas maquinas de cozinhar em que escolhemos os melhores ingredientes e os pomos na dita cuja, resultando daí um daqueles bolos ou cozinhados que só são vistos em fotos de revistas de culinária.
Os The Cry! conseguiram chamar atenção dentro do espectro Powerpop. O seu primeiro album foi um tiro bem dado no meio musical, com temas de um calibre a roçar o classicismo powerpeano. Os The Cry! apresentam-se de novo ao serviço com o "Dangerous Game", album que tem saída prevista para Março de 2014, e que é composto por 10 temas, que desfilam com todo o glamour na passadeira do powerpop/glam/punk.
Os The Cry! são uma banda que consegue tratar por “tu” o powerpop, usando e abusando do glam sem que este seja apenas um mero adorno de confecção, como é o caso do tema "Discotheque", com uma intro velvetiana, que nos puxa para o que de bom se fez nos 70's, uma glamzada com powerpop, um dos pontos altos do album. Se este o desenho não é eficiente, então imaginemos uns Milk n Cookies em 2014. As influências que circulam pelas cordas e pelas carolas, melhor pelas tarolas dos The Cry! estão bem vincadas, são fáceis de detectar ao longo do disco, mas não se pense que são handicaps, pelo contrário, são selos de garantia numa altura em que somos enganados a torto e a direito.
Mal começamos a ouvir “Dangerous Game” somos conduzidos por uma estrada bem pavimentada pelo glitter do glam-rocknroll, sempre ladeada pela melodia dos 60’s, com algumas curvas punk, que dão o devido embalo para uma velocidade controlada sempre com a sinalética do powerpop presente. No tema “Dangerous game” somos presenteados por um punk/powerpop que mistura velocidade com uma melodia de primeira, “Smirk” é daqueles temas para ser single de apresentação, “He said she said” é mel para os ouvidos de um catchy que cola e não descola, imaginemos uns Epicycle.
”Shakin” segue os tramites do glam-rock com toques rock n roll, um tema que não envergonham em nada os avôs, NY Dolls. Mas no fundo do álbum esconde-se um dos melhores temas, "Same old Story", um género de cereja no fundo do bolo, um tema à la The Boys. Concluindo, os The Cry! estão no bom caminho, sem grandes desvios e com uma condução segura e perfeita. Tudo aponta para um destino brilhante.
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