Concertos Falhados.

"Dos concertos falhados não reza a história", podia bem ser uma excelente frase para dar inicio ao texto que se segue, não fosse alguns casos de concertos sem "conserto" que ficaram nos anais do rock n roll, falo por exemplo do "mítico" concerto falhado dos The Stranglers em Junho de 1978, que ainda hoje é tema de conversa. Existiram várias razões para muitos dos concertos anunciados, alguns até com pompa e circunstancia, tenham abortado à última ou logo à nascença, ou os cachets eram elevados, ou as promotoras não tinham estufo para os concertos, etc...


Poucos sabem que os Clash estiveram para repetir a dose de Cascais 1981, pelo menos mais duas vezes, foram apontados como um possível nome para o Festival Vilar de Mouros 1982, e em outra ocasião chegaram a ser dados como certos em Lisboa em 1984. Outros casos foram diferentes, veio a banda principal mas a banda suporte ficou encalhada em parte incerta, exemplo, a primeira e única vinda dos Ramones a Portugal, no qual apontava-se os UK Subs como sendo a banda suporte, algo que não veio acontecer, coube aos UHF essa grata tarefa de abrir os concertos dos supra-sumo do Punk Americano. També houve erros de "casting", um desses erros deu-se com a escolha das bandas para o primeiro e único Cascais Rock, dentro do rol de possíveis bandas para o festival, constava o nome dos Stiff Little Fingers, banda que acabou por ser preterida pela organização.


Os Little Bob Story também tiveram para por os pés em Portugal, iriam coadjuvar os Dr Feelgood numa pequena tour, Dr Feelgood, banda já com alta rodagem em solo nacional, mas por razões que se desconhecem nem uma nem outra banda vieram em 1983. No campo do ska com duas cores, chegaram a ser publicadas noticias que apontavam a vinda de bandas como os Madness e os Specials, mas ambas as bandas não chegaram a vir a Portugal nessa altura, só passados mais de 20 anos é que se pôde ter o ensejo de ver ambas as bandas.


Dentro da New Wave houve quem dissesse que os The Members podiam vir a Portugal, avançou-se com a noticia de concertos dos Motors em Portugal, mas foi falso alarme, foram só mais uns nomes para a lista dos concertos falhados em Portugal.

Son of Stiff 1980 tour

Stiff Records uma das mais eminentes editoras independentes, foi o albergue de muitas bandas, projectando muitas delas para a ribalta, Madness, Plasmatics, Damned...
Em 1980 vai para a estrada a "Son of Stiff" tour, que percorreu a Europa, o contigente da Stiff era composto por 5 bandas, todas elas do meio da tabela, Any Trouble, Ten Pole Tudor, Dirty Looks, Equators e Joe King Carrasco and The Crowns.
A tour teve passagem por Portugal, com duas datas, uma em Lisboa e outra no Porto, assunto que merece uma resenha no novo nº do Alfinete, além disso também foi publicado um extenso artigo sobre a Stiff Records. A "Son of Tour" seria a última tour promovida pela Stiff Records, desta tour foi editado um Maxi-single que incluia um tema de cada banda participante, a tour também foi registada em filme, filme esse que não teve circulação comercial, ficam aqui uns enxertos desse documentário
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Discos descaracterizados.

São um dos troféus mais cobiçados pelos colecionadores de vinil, falo dos discos white labels, a quem lhe chame test-press, discos de prova, etc...
São discos que tiveram uma tiragem mínima com fins promocionais, eram distribuídos pelas rádios, imprensa, etc... E para evitar que muitos desses discos promocionais acabassem no circuito comercial, a maioria eram edições descaracterizadas, quase sempre despidos de capas, com labels brancas e com o conteúdo escrito à mão.

Os exemplares publicados nesta resenha são, um single dos Mata-Ratos , "Xavier" e o LP "Rock Radioactivo", um white label do single dos The Warm "007", com a curiosidade de ter um carimbo do "Rock Rendez Vous" e no campo do rockinho português o único single dos Filhos do Presidente, "Primavera Louca", com a particularidade do centro do single ser mais alargado do que a edição comercial.

A crónica de um concerto anunciado. The Not Amused + Anarchicks

Depois de muito gritar aos setes ventos, que os The Not Amused vinham pela primeira vez a Portugal, é a altura do rescaldo. O céu de Lisboa quis baptizar de forma inequívoca a estreia dos The Not Amused, um dia em que a chuva martirizou Lisboa incessantemente. Mas a chuva não intimidou aqueles que queria ver e ouvir Punk/Powerpop de fino recorte técnico, algo inaudito por estas paragens.
Sob o tecto protector do popular Alvalade, diga-se de passagem, um dos bar mais aprazíveis de Lisboa, os The Not Amused e as Anarchicks puderam alfinetar todos aqueles que lá se deslocaram. Com um ambiente quase familiar, e com muitas caras conhecidas, o mote estava lançado, no ar sentia-se que ia ser uma noite de rock n roll como manda a regra, e confirmou-se.
As Anarchicks encetaram as hostilidades, com o seu post-punk electrizante, com uma actuação eficaz, no final a banda prestou homenagem ao João Ribas, tocando o tema dos Censurados, "Angustia".

Intervalo, começa a ecoar do sound system, velhos clássicos de outrora, Punk Mod Glam, clássicos que tem lugar cativo nas discografias de todos aqueles que "teimam" em continuar nestas andanças. Não foi preciso esperar muito para que os 4 berlinenses subissem ao palco.
Com indumentária a rigor e com a pica toda, fazem detonar a primeira música, "Still not in the papers", a partir daí foi um rodopio de boas malhas de punk powerpop, "Bazooka", "Totally Destroyed", "Hit by a Bus" e o já clássico "Pauline" entre muitas outras. Foram 60 minutos estonteantes, que desencadeou reacções espontâneas no público presente, houve aqui e acolá algum pogo, e que melhor aceitação do que a dança oficial Punk.

Resumindo mas ainda não concluindo, os The Not Amused prestaram um excelente serviço a cena rockeira de Lisboa e arredores, uma banda que tem as portas abertas para um regresso, mais que merecido para uma banda que consegue ombrear com as melhores da actualidade dentro do seu género.


Final do evento, as reacções foram de entusiasmo e de vontade em ouvir mais bandas como os The Not Amused, quem sabe se começam a aparecer por Lisboa mais bandas a tocar Punk/powerpop. Para a banda, palavras dos próprios, Lisboa tinha sido o melhor concerto da tour até aquele momento.